Nos Trilhos da Vida - Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1910-1971) / FEPASA (1971-1998) – BAURU PAULISTA – Município de Bauru, SP.

Fonte: Dílson Fonseca || Correio de Corumbá


O chamado tronco oeste da Paulista, um enorme ramal que parte de Itirapina até o rio Paraná, foi constituído em 1941 a partir da retificação das linhas de três ramais já existentes: os ramais de Jaú (originalmente construído pela Cia. Rio-clarense e depois por pouco tempo de propriedade da Rio Claro Railway, comprada pela Paulista em 1892), de Agudos e de Bauru. A partir desse ano, a linha, que chegava somente até Tupã, foi prolongada progressivamente até Panorama, na beira do rio Paraná, onde chegou em 1962. A substituição da bitola métrica pela larga também foi feita progressivamente, bem como a eletrificação da linha, que alcançou seu ponto máximo em 1952, em Cabrália Paulista. Em 1976, já com a linha sob administração da FEPASA, o trecho entre Bauru e Garça que passava pelo sul da serra das Esmeraldas, foi retificado, suprimindo-se uma série de estações e deixando-se a eletrificação até Bauru somente. Trens de passageiros, a partir de novembro de 1998 operados pela Ferroban, seguiram trafegando pela linha precariamente até 15 de março de 2001, quando foram suprimidos.

A estação foi aberta em 1910, como ponta do ramal de Bauru. Como já existiam as estações Bauru-Sorocabana e Bauru-Noroeste, o nome da estação passou a ser Bauru-Paulista. O álbum dos 50 anos da Cia. Paulista cita a estação como sendo "provisória", mas, aparentemente, é o mesmo prédio que sobrevive até hoje; talvez a ideia de se centralizar tudo na estação da Noroeste, o que se deu nos anos 1930, tenha feito a Paulista não construir a "definitiva". Uma suposição que pode ser válida ou não, mas, lendo o box ao lado, pode-se, apesar das promessas feitas em 1929 ver que a construção de um novo prédio nunca ocorreu e que foi provavelmente afetado pela decisão posterior de se construir uma estação única. Em 1937, a linha foi esticada até Piratininga, encontrando o ramal de Agudos, e, em 1941, passou a fazer parte do tronco oeste, ainda com bitola estreita. O trecho entre Pederneiras e Bauru com a bitola alargada foi entregue somente em 15/06/1947. A estação de Bauru-Paulista deixou de ser estação de embarque e desembarque já há muito tempo. Aparentemente, já antes da inauguração da estação da Noroeste atual, em 1/9/1939, e que passou a centralizar essas funções, situada um pouco mais à frente da estação da Paulista, esta não tinha mais a função de embarque e desembarque, pois há fotos da estação original da Noroeste com venda de bilhetes para a Paulista e a Sorocabana num guichê exclusivo. Em 1976, houve a desativação da linha de Piratininga; como o trem usava a estação da Noroeste para pegar e deixar os passageiros, ele passaria a voltar de ré, para seguir para Garça, pois a linha nova de 1976 (variante Bauru-Garça) passou a sair logo depois da estação da Paulista, e antes da da Noroeste. A eletrificação, que ia até Cabrália, a partir de agora, terminava em Bauru, com a supressão da linha sul. Nos últimos anos, Bauru-Paulista foi sede de uma das regionais da Fepasa. Em janeiro de 1999, os trens de passageiros deixaram de circular. Foi usada pela Ferroban, sucessora da Fepasa, mas somente algumas de suas salas, como escritório. É muito comprida, e a parte em que os passageiros antigamente embarcavam era a que fica mais para o fundo, nas fotografias, que foram tomadas todas do lado da plataforma. Ao seu lado, ainda funcionava o CTC de Bauru, no dia em que lá estive e tirei as fotos, com a anuência do auxiliar que trabalhava na estação. No final de 2000, dezoito meses depois, testemunhas deram conta de que tudo estava já abandonado. Curioso é o fato que, em 1971, portanto, pouco antes da formação da FEPASA, a Paulista anunciou pela imprensa (O Estado de S. Paulo, 8/9/1971) a construção de uma nova estação para ser usada por seus trens, separada da estação da Noroeste. A obra foi datada para ser entregue em julho de 1972. Ficou na história apenas. "A estação está em poder da prefeitura de Bauru. A antiga casa do chefe da estação é onde funciona o Departamento de Preservação do Patrimônio Histórico de Bauru. O antigo armazém ainda não começou a ser reformado, e construções que haviam sido adicionadas ao conjunto original, da época da Companhia Paulista, foram removidas. O prédio onde funcionava o antigo Controle de Tráfego Centralizado, o CTC Bauru, vai ser mantido, mas ainda está vazio. A estação está sendo reformada aos poucos, e é ponto de partida do passeio do trem turístico, que está temporariamente suspenso, e vai abrigar algumas repartições da Prefeitura de Bauru, segundo consta, de áreas ligadas à cultura e preservação do patrimônio" (Mario Favaretto, 6/4/2014).

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